Aninhada aos pés da Serra dos Pireneus, Pirenópolis é uma joia goiana que desperta fascínio por sua arquitetura colonial, rica herança cultural e paisagens naturais exuberantes. Fundada no século XVIII por garimpeiros em busca de ouro, a cidade se consolidou como um símbolo vivo da história do Centro-Oeste brasileiro — e hoje atrai turistas com seu charme bucólico e autenticidade preservada.
A fundação de Pirenópolis remonta a 1727, quando bandeirantes liderados por Manoel Rodrigues Tomás estabeleceram ali um arraial minerador chamado Minas de Nossa Senhora do Rosário de Meia Ponte. O garimpo de ouro impulsionou o crescimento inicial, mas, conforme a exploração declinou, a cidade se reinventou por meio da agricultura, pecuária e do comércio. Com o tempo, Meia Ponte passou por transformações econômicas profundas e, no fim do século XIX, ganhou o nome que carrega até hoje — uma homenagem à cadeia de montanhas conhecida como Serra dos Pireneus.
O centro histórico de Pirenópolis é um dos mais bem preservados do Brasil Central. Ruas de pedra, casarões coloniais e igrejas barrocas se entrelaçam em uma paisagem urbana tombada como patrimônio nacional. A Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário, construída por escravos entre as décadas de 1720 e 1730, é um marco da cidade e testemunha silenciosa de sua trajetória. Entre os edifícios históricos, destaca-se também a Casa de Câmara e Cadeia, antiga prisão convertida em museu, que abriga exposições sobre a tradicional Festa do Divino Espírito Santo. Outro ponto simbólico é a antiga Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, demolida no século XX, mas cuja memória resiste no altar preservado e reutilizado em outros templos, lembrando uma história marcada por dor, fé e resistência.
Pirenópolis é, ao mesmo tempo, um destino cultural e natural. A cidade se tornou famosa por suas festas populares, especialmente a Festa do Divino e as Cavalhadas, encenação que recria batalhas entre cristãos e mouros com cavaleiros a cavalo — uma tradição que mescla religiosidade, teatro e celebração popular, atraindo visitantes de todas as partes do país. No campo natural, a região é um convite à contemplação: cachoeiras cristalinas, trilhas pela Serra dos Pireneus e reservas ecológicas encantam pela diversidade de fauna e flora.
A economia local reflete essa harmonia entre tradição e modernidade. O turismo é hoje uma das principais fontes de renda, impulsionado pelas pousadas charmosas, pela gastronomia regional e pelo artesanato em prata, que se tornou uma marca da cidade. Paralelamente, Pirenópolis mantém viva a extração do quartzito, conhecido como “pedra-de-Pirenópolis”, amplamente utilizado na construção civil e exportado para várias regiões do país.
Mais do que um destino, Pirenópolis é uma experiência. Suas festas, seus museus — como o Museu das Cavalhadas e o Museu Lavras do Ouro — e o cotidiano de sua gente revelam um lugar onde o tempo não corre: ele caminha ao ritmo das tradições, do som dos sinos e do murmúrio das águas.
Visitar Pirenópolis é mergulhar em um Brasil que preserva suas raízes, onde o passado não se apaga — apenas ganha novas cores sob o sol dourado do interior goiano.